OPINIÃO


UM INSTITUTO CENTRO AMERICANO PARA RECONSTRUIR A CAMINHADA  DA NOSSA  JUVENTUDE

Weller Marcos

Conversamos, longamente, com diversas pessoas integrantes das antigas e originárias famílias cuiabanas. São variados troncos, que em determinado momento  da vida e do desenvolvimento deste Estado, tiveram muita influência política e poder de decisão nas questões do desenvolvimento do estado. É difícil acreditar que tenham, perdido toda a envergadura de comando desse processo político e econômico, pelo qual tanto lutaram, ainda dentro da antiga estrutura do Estado, ou seja: Antes da sua divisão.
O reflexo dessa derrocada está estampado, principalmente nos bastidores dos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Uma rápida corrida de olhos no recinto das salas e ante-salas dessas três catedrais, nos mostra um grupo, imenso, de pessoas originárias de outras partes do país e, que agora, está - (seguindo o conceito do velho ditado) “fazendo a América”, em Mato Grosso.
Com a chegada dos comboios, milhares de novos “mato-grossenses” , realizam a ocupação que se deu, principalmente, sobre os cargos públicos. Também, são esses que passaram a domínar o mercado dos grandes médios e pequenos negócios com uma influência sem limites, inclusive, no processo das eleições municipais. Nos nossos dias   a maioria das cidades no estado têm o cargo de prefeito ocupado por algum político chegado de outra parte do país. Pode-se dizer que toda a máquina de gestão municipal e estadual é controlada pelos que chegaram com seus familiares, seus negócios e suas teorias a Mato há menos de 20 ou 30 anos.. Esse processo político é que define como as cidades devem se expandir e mudar. Como  recheio do indigesto pastel está um novo modelo de cultura que chega ocupando todo o espaço que puder. Com isso, a quase tri-centenária Capital virou uma ilha! Uma ilha semelhante aos arquipélagos dominados, no passado, pelos piratas: Ingleses, Franceses e Holandeses. É, agora, uma parafernália. Uma cidade desorganizada – com um do trânsito caótico; um perímetro urbano em franco favelamento; total insegurança dos cidadãos e das famílias; e franca aceleração da sua identidade socio-cultural. O foco dessa tragédia, como vemos, está no hipotético desenvolvimento, com uma corrida brusca pela riqueza abundante, a ocupação das terras férteis, a dilapidação dos bens minerais e do meio ambiente, e o afogamento das suas referências culturais.
Como dissemos acima, conversamos com muitos integrantes das famílias Pinto, Palma, Vuolo, Coutinho, Huguenei, Novis, Celestino, Correa da Costa, Daltro, alguns Ferreira Mendes, diversos Mendonça: Todos cuiabanos. Em Várzea Grande os Campos e Baracat; pelas bandas de Poxoréo tiramos algumas conclusões com os Rocha; em Rosário – um ou outro Borges, Taques, Canavarros; em Cáceres nos encontramos com alguns Lacerda e, em Livramento – os Monteiro. Falamos com todos sobre a nossa preocupação em avaliar o que está acontecendo nesta vasta região do entorno de Cuiabá: Que são as terras compreendidas na geografia de um círculo resultante do traçado, hipotetico, e uma reta de 225 Km entre a Capital e Rondonópolis.
O resultado dessa conversa? Bem, há uma ponta de decepção, e generalizada preocupação. Há um desgosto, marcantemente, direcionado ao grupo do ex-governador Blairo Maggi (que é um dos senadores do Estado), e que em todas as oportunidades que pode, ocupa, com prioridade, o melhor lugar no quadro político (e no econômico). As  antigas famílias já não representam mais nada neste contexto. O senador Jaime Campos, e seu irmão Júlio (deputado federal) amargam até agora, terem perdido  as rédeas de seu espólio político para uma trágica administração do prefeito Murilo Domingos, em Várzea Grande. Em Cuiabá, a grita é geral com a caótica gestão do prefeito Francisco Galindo - um político que não faz reservas em garantir que é paulista. 
Há, contudo, uma esperança neste quadro geral de desastres, como argumentamos com  o antigo professor universitário – economista Manoel Pinto (depois de apreciarmos alguns de seus estudos sobre essa ocupação e suas conseqüências na geopolítica do Estado). Manoel Pinto tem manifesta afinidade com alguns pontos da nossas preocupações, e, por gozar da confiança da comunidade nativa, pelos seus conhecimentos culturais e econômicos, sua orientação é fundamental. Também muito  importante como contribuição às nossas avaliações o que pensa sobre o assunto sua esposa - professora de artes e produtora cultural Lúcia Palma.
Recentemente, mostramos a eles algumas propostas que estamos encaminhando para amplo debate da comunidade, como idealizadores do CDM (Círculo de Desenvolvimento Metropolitano) – Organização não Governamental com uma estrutura ainda modésta, e que precisamos fazer crescer além da sua capacidade de agregar os valores regionais que vem buscando. Esses intelectuais ouviram as nossas propostas determinando atitudes para tornar Cuiabá, verdadeiramente, a Capital Centro Americana. No Coxipó, o Circulo tem como projeto a preocupação de sensibilizar a comunidade para direcionar o desenvolvimento da cidade para aquela região. A partir dessa motivação estamos buscando uma articulação mais ampla com dezenas de empresários e de jovens estudantes para a realização de um imenso Campus da Juventude na principal entrada de Cuiabá que é o Coxipó. Entendemos que por este ponto passam todos os viajantes chegados dos maiores centros brasileiros. “Essa é a entrada para toda a região Amazônica. Temos que mirar o horizonte em direção ao Leste: Onde nasce o sol que nos ilumina, contempla e aquece” – pensam os simpatizantes do CDM e que estão criando o Instituto Cultural Centro Americano.   
Quando coversamos com Manoel Pinto, em nosso Café da Manhã fomos enfáticos: “É constrangedor ver tantas crianças e jovens mergulhados no vício e tráfico de drogas; na criminalidade com a prática de assaltos, estupros, assassinatos – é triste ver o desemprego e tanta gente humilhada pela pobreza e o abandono!” – asseveramos ao renomado professor. Ele, compreendendo a extensão desse verdadeiro sonho, nos estimula para que lancemos as bases e a estrutura de organização do CDM e do Instituto com objetivos de trabalhos de educação, pesquisas, vivência e interatividade de todos os jovens cuiabanos com o desenvolvimento regional. “Inspiramos esse projeto pelo que representam as cidades de Campinas e São Carlos: Verdadeiros abrigos modeladores da educação brasileira” – informamos ao professor.
Este é um corajoso grito de guerra. O que já se constitui como: O LEVANTE CUIABANO. Por enquanto, uma mera revolução cultural! Em meio ao nosso grupo já se somam ambientalistas, jornalistas, advogados; estudantes e professores; secundaristas e acadêmicos; artistas regionais, esportistas, economistas e arquitetos planejadores. Há até a maquete (em breve será exposta ao público)- que se assemelha às obras produzidas por Oscar Niemeyer - lá no princípio de Brasília, onde estivemos desde os anos de 1958 – já na atividade do jornalismo – ao lado do nosso pai o construtor do primeiro jornal impresso no Núcleo Bandeirante, principal porto dos pioneiros que edificaram a nova Capital.  Mas, nos bastidores, entre os organizadores do projeto, já ganhou o simpático nome “Nova Cuiabá da Juventude”.

UM GOVERNO SEM ROSTO
Governo sem perfil não vinga; dificilmente será respeitado e logo passa a sofrer com pressões vindas de todas as direções.   Um dos sinais da bagunça são as manifestações dos setores administrativos através das greves. Não existe nada pior para enfraquecer um governante que funcionário público rebelado. Quando isso acontece o melhor é parar tudo e sentar-se com os principais assessores para avaliação das conseqüências.
Por isso, o Governo precisa ter um Conselho Político forte e inteligente.  Um bom conselheiro precisa ser o Secretário de Administração, outro o da Casa Civil. São duas peças valiosas de um sistema administrativo e sem elas não há futuro promissor.
Estamos vendo o Governo Silval Barbosa caindo pelas escadarias sob o fogo cerrado do Poder Legislativo, comandado pelo presidente deputado José Riva. É uma pena que tudo tenha começado tão cedo, tão precipitadamente, mas a culpa é do próprio governador que ao compor a sua base política esqueceu-se das estratégias básicas deixando que uma grande fatia do bolo permanecesse nas mãos de pessoas oriundas do antigo governo. E, só temos oito meses de administração, que por enquanto não trouxe muita novidade!
O eleitor também é muito exigente com relação à renovação administrativa. Sempre que termina uma eleição, a expectativa é que as mudanças acontecerão em totalidade nos setores governamentais.  No caso específico de Mato Grosso, isso ainda não aconteceu. E, pelo andar da carruagem, parece, que ainda vai demorar em se conhecer qual será o perfil do Governo Silval Barbosa.
Por todo lado que se olha, lá estão os antigos auxiliares do ex-governador Blairo Maggi. Estão tranqüilos e petulantes: Como sempre foram.  Essa história da Copa do Mundo é um dos gargalos mais evidentes.  A Copa cheira dinheiro, e esse aroma atrai os que buscam se locupletar   com recursos do erário. Daí, a discussão enfadonha dessa questão do transporte – que acabou mexendo com os interesses do grupo liderado pelo presidente do Poder Legislativo. Aos poucos, o deputado José Riva anota pontos importantes na sua caderneta de resultados. Ao emplacar um aqui, outro ali, vai palmilhando território que na hora da decisão eleitoral será bastante significativo. A estratégia do deputado é bater com luva de pelica, mostrando que – se necessário – tem em mãos armas bem superiores e poderosas para  um embate mais duro. Por isso, até criou seu próprio partido, levando ao pódio figuras pouco representativas da política local. Na verdade, no seu time não entram estrelas de primeira grandeza! 
Quem perde com isso é o Estado. Perde, sobretudo, tempo e dinheiro! Em Brasília, ninguém trabalha o nome do Governo Silval  Barbosa. Os três senadores não estão interessados e, aos deputados – com raras exceções, pouco interessa resultados favoráveis ao governo estadual.
Como vemos o ponto crítico está na Assembléia Legislativa, onde o deputado José Riva dá as cartas e determina com mão de ferro o que deve ou não ser feito.  Pela sua cartilha rezam os parceiros, os oportunistas de plantão e o resto que pouco fala e decide. Não há na Casa o desempenho de um excelente líder do Governo. A coisa anda com o balanço da carruagem! Falta ao governador um líder másculo, decidido, determinado que tenha a audácia de esbravejar na hora certa com as manhas e artimanhas dos dirigentes da Casa. 
Um bom articulador para isso, pela experiência e conhecimento com tudo que já fez e passou é o deputado federal Carlos Bezerra. O trunfo do sucesso de Barbosa está nas mãos desse “Hercules” da Política mato-grossense. Tem um mandato na Câmara Federal, é amigo do Vice Presidente da República, e tem a esposa detentora de um mandato na Assembléia Legislativa. Isso é mais que o necessário para corrigir toda a trajetória apática dos sete meses e meio  decorridos. A senhora deputada Tetê Bezerra deveria estar em sua cadeira no Legislativo – como líder do Governo; articulando com o marido as mensagens na Câmara Federal. Ao contrário disso, foi retirada da Casa para exercer um cargo de Secretária de Turismo, sem nenhuma força e apoio.
Na Secretaria de Ação Social, a senhora Roseli Barbosa, se vê atropelada pela gigantesca lista de ex-auxiliares da ex-primeira dama Terezinha Maggi, antiga titular da Pasta. Eles dão as cartas, decidem tudo e copiam o que podem da gestão anterior: Até eventos como o Casamento Coletivo, o teatro religioso da Semana Santa, as camisetas vermelhas das ações franciscanas da SETECS e, ainda a pobre e inexpressiva campanha de mídia gerada nos porões da mesma repartição.
Enquanto isso, Riva prepara seu foguete para cruzar o espaço sideral. Os que passam pela porta da Assembléia, vendo a nova torre de televisão subindo em direção ao infinito não perdem a oportunidade de uma brincadeira: “O Riva já construiu a plataforma para seu foguete, agora só falta marcar a data da viagem” .                      
Weller Marcos - editor deste blog